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Os canas do Colorado continuam enquadrando mais negros que brancos por maconha.

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O leitor atento da semSemente já tá ligado que desde novembro de 2012 a emenda 64 legalizou o porte, cultivo e uso privado da maconha para maiores de 21 anos. As primeiras “Pot Shops” legais só abriram as portas em 1 de janeiro de 2014. Mais do que uma política de tolerância como na Holanda ou outros países o estado se preocupou em criar uma regulamentação sobre os cultivadores e varejistas, impondo taxas e limites. Hoje, qualquer pessoa maior de idade pode entrar numa loja e comprar até uma onça (aprox. 28,3g) de maconha ou cultivar até seis plantas. Fumar em espaços públicos e dirigir chapado continua ilegal, assim como levar maconha para fora do estado.

Desde então, muito tem-se falado sobre os efeitos positivos da emenda 64, principalmente a arrecadação em tributos (3,6 milhões de dólares só em janeiro), e a redução no crime. O número de processos envolvendo maconha no estado reduziram de 39 mil em 2011 para apenas 2 mil em 2014. No entanto, uma pesquisa da ONG Americana Drug Policy Aliance, uma das maiores propagadoras e financiadoras do antiproibicionismo no mundo inteiro, revelou que embora os números de processos e condenações por maconha tenha caído significantemente, a disparidade racial permanece a mesma.

Em reportagem da Vice News, Art Way o diretor da DPA no Colorado, diz que “As comunidades negras e pardas sempre estiveram no campo de batalha da guerra às drogas”. Dados do “Colorado Bureau of Investigation”, mostram que em 2010 as detenções por porte de maconha de pessoas brancas eram de 335,12 para cada 100 mil pessoas, enquanto a prisão de negros era de 851,45 para cada 100 mil pessoas, um número 2,4 vezes maior. Quatro anos depois, embora o número de detidos tenha caído radicalmente, e a população negra no Colorado continue a mesma (apenas 4% da população) o número de pessoas negras detidas por consumir maconha continua 2,4 vezes maior do que brancos. Devido à falta de dados criveis, o estudo não considerou o impacto nas prisões da população latina (cerca de 30% do estado). O estudo também mostra uma queda de 27% nas prisões e apreensões de maconha sintética.

A respeito a prisão de cultivadores de maconha, não havia uma disparidade racial muito grande em 2010, quando a proporção de pessoas brancas detidas foi de 7,24 para cada 100 mil contra 6,79 de pessoas negras. Após a emenda 64 no entanto, a proporção de pessoas brancas detidas caiu para 2,79 enquanto a de negros permaneceu em 6,86 resultando um número 2,5 vezes maior de negros presos por cultivar.

Assim como no Brasil, nos Estados Unidos as pessoas negras tem uma chance muito maior de ser abordadas, detidas e processadas por crimes relacionados à drogas. Mesmo compondo apenas 12% da população dos Estados Unidos, pessoas negras tem 3,73 mais chances de serem presos por porte de maconha do que pessoas brancas.

Do Complexo da Maré a Ferguson, Brasil e Estados Unidos tem exemplos de sobra de como a polícia trata diferente quem é branco de quem é negro. Infelizmente a emenda 64 do Colorado não foi capaz de eliminar o racismo de suas corporações policiais, mas ainda é muito cedo para condenar o modelo. É preciso expor os números, e cobrar uma posição dessas polícias. Política de drogas não pode continuar sendo usada como desculpa para exterminar minorias étnicas. Como diz o Planet Hemp – “Eles um dia vão ver que as leis estavam erradas”.


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